Escrevo no último dia de janeiro. O mês mais reflexivo de todos os anos. O único em que não me afogo em tarefas urgentes.
RETROSPECTIVA 2023
Em 2023 fiz 13 infusões de Remicade. A última no dia 28 de dezembro. O intervalo entre cada uma delas foi de 4 semanas. Passei a usar 4 frascos ao invés de 3 porque ganhei peso e não consegui perder. Não fiz nenhuma sessão de psicoterapia. Fui a nutricionista, mas não dei prosseguimento ao plano elaborado por ela. Fui a gastroenterologista investigar dores no estômago, fiz os exames solicitados (endoscopia e laboratoriais), mas não fui a consulta de retorno. Fui a ginecologista, mas não fiz os exames para investigar uma possível endometriose (minha menstruação está suspensa porque só falto morrer quando menstruo, com a pausa ganhei parte da vida que tinha perdido). Tive várias crises respiratórias e de enxaqueca que me levaram ao pronto-socorro. Pela primeira vez na vida, minha pressão subiu durante períodos de estresse agudo. Quando fico nervosa sinto náusea e dor de barriga. Isso não é sintoma de Retocolite Ulcerativa. É ansiedade. Lidar com a ansiedade sem ansiolítico e sem psicoterapia foi desafiador. 2023 foi um ano super movimento e, por isso, de muita náusea. Sobrevivi ao meu primeiro canal dentário.
Descobri o prazer de beber whisky e comprei duas garrafas que ainda não secaram. Como tenho baixíssima tolerância para bebida alcóolica, continuo bebendo raramente e pouco por vez. Precisei – muitas vezes – redefinir a minha alimentação durante o ano. Comer bem, me faz bem. Comer mal é uma delícia, mas me derruba ligeiro demais. Nos períodos de maior ansiedade, buscopan e vonau flash não dão conta de conter os sintomas gastrointestinais. Jejum e dieta de crise (alimentação natural com restrição de gordura, leite e fibras) colaboram muito para o desaparecimento desses sintomas.
Li 12 livros em 2023. Vi mais de 50 filmes (parei de contar na casa dos 40). Assisti a 7 séries. Tomei banho de mar várias vezes e queimei as costas em algumas delas (mesmo passando protetor queimo e não sei o porquê). Participei de vários eventos do carnaval em Natal (mais pelos outros do que por mim). Socializei menos do que deveria, considerando o tanto de gente que amo, e mais do que deveria, considerando a minha energia para interação. Fiz o melhor que pude no quesito interação social e sinto que me saí bem, apesar de algumas faltas. Fui ao cinema e ao teatro e DEFINITIVAMENTE o teatro tem o meu coração todinho (amo cinema, mas foi o teatro que me emocionou mais em 2023). No Teatro Riachuelo, me emocionei com o show ANA CAÑAS CANTA BELCHIOR. Quem abriu o show foi a talentosa Edja Alvess. Desde então, ouço paralelas quase que diariamente. Também no Teatro Riachuelo assisti ao espetáculo TOM NA FAZENDA. É tão dolorido quanto belo. E é belíssimo. No Teatro Alberto Maranhou, quem vi brilhar foi Cláudia Abreu no espetáculo VIRGÍNIA. Excelente roteiro e adaptação. Me afoguei várias vezes. No Arena das Dunas, fui ao show TITÃS – ENCONTRO PARA DIZER ADEUS.
Enfrentamos, juntos, o diagnóstico e o tratamento de um estesioneuroblastoma (tumor maligno dentro da cavidade nasal) em Papai. Passamos por duas cirurgias para retirada do tumor, 27 sessões de radioterapia e incontáveis consultas com especialistas diversos. Papai, como sempre, meu herói. Ele deixa qualquer astro de Hollywood no chinelo. Não existe personagem da Marvel ou da DC Comics com 10% da força e dos bons valores do meu Pai.
Estudei muito. O primeiro semestre de 2023 foi fraquinho. Me matriculei em quatro disciplinas, mas tranquei duas assim que recebemos o diagnóstico de Papai. Eu precisava de tempo para processar as novas informações e acompanhar Papai nas cirurgias. O segundo semestre foi uma pancada porque coincidiu com a reforma do meu apartamento e as sessão de radioterapia de Papai. Mesmo assim, considero que arrasei naquilo que me propus a fazer. O ponto alto do meu ano acadêmico foi o estágio no Museu de Ciências Morfológicas da UFRN.
Vivi o melhor ano letivo de trabalho dos últimos anos. Completei a minha carga horária numa única escola e isso foi providencial para que conseguisse dar conta de tudo sem morrer de exaustão. O ano letivo começou difícil porque tivemos uma greve dos professores seguida por uma crise de segurança pública no RN. Os bandidos tocaram o terror por aqui e, com ajuda da Força Nacional, as autoridades competentes conseguiram controlar a situação depois de algumas semanas de terror. Essas interrupções atrapalharam um bocado o andamento do ano escolar. Felizmente, fui presenteada com boas turmas, colegas colaboradores e um tantão de sorte no percurso. Racionalmente é difícil explicar um ano de trabalho tão produtivo e divertido em meio ao caos. Mas, foi exatamente o que aconteceu
JANEIRO DE 2024
Passamos o Ano Novo em Natal, numa festa promovida por um condomínio de casas. O evento foi tranquilo e agradável. Amo esses encontros mais intimistas em que cada família providencia sua própria comida e bebida, as coisas ficam lá na mesa e as pessoas se servem quando tem vontade. O espaço era compartilhado, mas cada núcleo tinha o seu cantinho. As bandas contratadas tocavam animadamente, músicas relativamente decentes. MUITAS CRIANÇAS! Prefiro quando elas dominam os lugares porque a presença de muitas crianças costuma garantir um ambiente mais saudável (não sou conservadora, entretanto me incomoda a falta de limites dos espaços ocupados predominantemente por adultos).
A primeira infusão do ano aconteceu no dia 25 de janeiro de 2024 e foi um sucesso.
Fomos ao Teatro Riachuelo assistir ao musical HOMEM COM H. Compramos ingressos para toda a família porque amamos a obra de Ney Matogrosso. Infelizmente, Mamãe passou mal no dia do espetáculo. Minha irmã ficou com ela. Papai, Edcleia e Eu pudemos prestigiar a homenagem ao grande artista versátil que chocou o País décadas passadas com a sua irreverência e criatividade. Ele conquistou milhares de corações brasileiros, como os nossos. Já vi Ney Matogrosso cantar ao vivo. Meu Pai me levou a um show dele. A energia do homem é indescritível.
Edcleia e Eu fomos ao cinema assistir ao filme Nosso Lar – Os Mensageiros. Ela é espírita e aprecia os filmes com essas temática (desde que não sejam de terror).
Consegui queimar o céu da boca com pizza. Fomos a uma tradicional pizzaria da nossa capital, Mozzarella Pizzas, comemorar o aniversário de um amigo. As pizzas servidas lá são deliciosas. Gostei de todos os sabores que experimentei, mas cometi o vacilo de colocar uma borda de pizza quente, recém chegada, na boca. O catupiry estava fervendo. Na hora que senti queimar não tive coragem de cuspir, achei que seria indelicado. Tolice minha. O resultado disso foi passar TRÊS dias em dieta líquida. Formou bolha, encheu de pus, descascou. Uma coisa horrorosa.
Estou de férias e amando o meu tempo de descanso. Precisava muito disso. Muito mesmo. Algumas pessoas estão chamando janeiro de mês infinito, mas – para mim – ele passou bem rapidinho. Queria mais de janeiro. Espero que fevereiro continue leve.
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