Arquivo | maio, 2016

Dores de cabeça

26 maio

Apesar de estar assintomática (em relação a colite), isso não significa que vez ou outra não apareça uma milacria. Esse final de semana foi marcado por uma daquelas terríveis dores de cabeça/pescoço/ombro e uma constatação péssima. Acabei, antes da metade do ano, uma cartela de analgésico com doze comprimidos.

Fiquei preocupada com isso. Antes, os analgésicos que posso usar eram jogados no lixo porque passavam da validade. Eu lembro de sempre ficar recordando a Papai pra não comprar cartela com doze comprimidos porque era um desperdício de dinheiro. Antes de viajar, bastava uma com quatro para caso surgisse alguma eventualidade e só. Ainda assim, muitas delas foram jogadas fora ainda intocadas.

Já descobri alguns gatilhos que desencadeiam essas dores:

  • encarar sol forte
  • passar muito tempo em frente ao computador ou assistindo TV
  • enfrentar situações estressantes (tanto de estresse físico como emocional)
  • Dormir demais ou permanecer acordada com sono

Pode haver outros gatilhos (visto que essas dores tem se apresentado com uma frequência mais alta do que gostaria), mas eu ainda não consigo identificá-los. Toda vez que sinto isso prometo a mim mesma procurar um neurologista – coisa que já deveria ter feito desde que precisei duma injeção de morfina pra aplacar uma dor de cabeça por algumas horas e por indicação de outros médicos – como o otorrinolaringologista a quem procurei desconfiando que isso poderia estar relacionado a sinusite (exames mostraram que não estava).

MAS, toda vez que a dor passa, simplesmente esqueço que ela existe e o quanto me incomoda.

Eu desconfio que não se trata de uma contratura muscular. Porque apesar da dor no ombro e no pescoço (e do meu histórico com contraturas), realizo os movimentos sem dificuldade alguma. Quando tinha contraturas, meu pescoço ficava rígido e a ideia de virar a cabeça já fazia doer mais. Dessa vez é diferente. Dá pra movimentar. E digo mais: é pior precisar pegar uma caneta no chão do que mover a cabeça pro lado.

Pisar no chão dói. Cada passo faz a cabeça latejar. E deitar também dói. Dói tanto que mesmo tombando de sono é impossível dormir. Não chego nem perto do ponto central da dor. As vezes, parece que dói mais atrás dos olhos. As vezes, dói as faces e até os dentes (como quando apertam o aparelho e a gente não pode nem mastigar). As vezes, ela se concentra num lado só da cabeça. As vezes, o ombro e o pescoço tornam torturante o ato de deitar. Dor intensa, contínua, latejante e capaz de passar como mágica. Posso passar 48h com ela me acompanhando ao deitar e ao acordar. Até o momento em que acordo sem dor.

Nem sempre o analgésico funciona. Quanto mais a dor aumenta, mais difícil ela se torna de ser controlada. Já teve duração máxima de três dias seguidos.O intervalo entre elas vem diminuindo. Antes, demorava meses entre uma crise e outra. Agora, sinto que só tenho algumas semanas de intervalo.

É fácil ignorar uma dor que (apesar de ser intensa) aparece intervalada. Ainda mais quando a gente não trabalha. Só que a situação mudou. Eu começo a ter receio de que esse evento aconteça enquanto ministro aula. Algo que eu amo fazer pode se tornar infernal. Não quero isso. Graças a Deus, não tive a infelicidade de sentir essa dor na escola e quero que continue assim.

dor-de-cabeça-menina

Esse registro serve pra admitir que eu reconheço que tem algo que eu não sei explicar acontecendo. Também pra me lembrar que preciso procurar ajuda antes que isso comece a atrapalhar a minha qualidade de vida e o meu cotidiano.

Eu só queria que isso sumisse. Sem que eu precisasse saber o porquê surgiu ou o porquê foi embora. Só que esperar passar não está funcionando. Não quero descobrir nada crônico, não quero acrescentar mais um comprimido que seja aos doze que já tomo diariamente, não quero outro médico me acompanhando. De preferência que seja algo de causa pontual que possa ser tratado com mudança no estilo de vida ou cuidados básicos ou um tratamento alternativo bem natural e de curta duração. Será que isso seria pedir muito? A última vez que disse a um médico que não queria/podia tomar um anti-inflamatório para tratar uma ardência na garganta com coriza recebi uma resposta muito grosseria do tipo “Então, por que você veio se não quer tomar remédio?”

Então é isso. A maior parte do tempo estou realmente bem. Fisicamente tão bem como nunca pensei que fosse estar depois da última crise de colite. Não há um dia em que não mentalize o quanto sou grata por esse período. Eu sei que reclamo o tempo todo por precisar da medicação, mas reconheço a sua eficácia e o seu impacto no meu bem-estar. É uma liberdade até difícil de descrever. Tomara que continue assim.